Na pobreza e na riqueza

Transparência e parceria na gestão de recursos podem ser chaves para o sucesso de casamentos

REVISTA VAREJO 06/04/2020
Relacionamentos duradouros entre casais costumam basear-se em atributos como confiança mútua e transparência. Esse tipo de consenso contribui para a boa convivência e a realização de metas conjuntas. Isso vale, principalmente, para a concretização de objetivos que dependem de recursos financeiros. Dessa forma, o compartilhamento de informações facilita a gestão dos rendimentos mútuos e das diversas despesas da casa, sobretudo quando chegam os filhos. De modo geral, compartilhar informações sobre as contas da casa não é um problema para a grande maioria dos casais. É o que indica uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) com brasileiros casados ou que têm união estável. De acordo com o levantamento, 91% dos entrevistados informam ao cônjuge as despesas mensais da casa (como água, luz, telefone, aluguel, condomínio etc.) e 90% garantem que o cônjuge sabe quanto ganham por mês. A questão é tão importante que o dinheiro, ou a falta dele, é motivo de brigas para 40% dos entrevistados. Gastos além das condições financeiras são responsáveis por 49% das discussões. Falta de transparência com relação à existência de gastos é a causa de desavenças para 28% dos casais. O desafio de manter a independência financeira e, ao mesmo tempo, contas em conjunto faz parte do dia a dia dos casais. Por mais que duas pessoas possam ter interesses em comum, muitas vezes os desejos e as necessidades de consumo são individuais. Além disso, o perfil de gastos e a maneira como cada integrante do casal prefere lidar com o dinheiro podem ser bem diferentes. A esse respeito, a pesquisa revela que 94% informam o cônjuge sobre suas compras, sendo que 73% relatam todas as aquisições e outros 20%, somente uma parte delas. A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, alerta sobre a importância de manter uma relação financeira transparente para que se evitem desgastes e divergências entre os casais. “Manter as finanças familiares em dia é uma tarefa que deve ser feita com regularidade e disciplina, de forma conjunta por todos os responsáveis. Embora cada casal tenha uma maneira particular de lidar com o dinheiro, na condução do orçamento, é importante que os dois estejam cientes de seus objetivos e escolhas”, explica. “A omissão e a desinformação não contribuem em nada para resolver problemas financeiros. Ainda que a privacidade de cada um deva ser preservada, algum nível de acordo a respeito da condução dos gastos é sempre benéfico”, afirma. Reserva financeira dos casais 58% informam o cônjuge sobre a existência de reservas financeiras. 24% informam o valor da reserva. 23% fazem essa reserva conjuntamente. 11% compartilham a existência da reserva, mas não o valor. 9% não sabem. 34% não possuem reserva financeira. Compras que os casais não costumam contar ao cônjuge
Resposta Dez/2019
Roupas, calçados, acessórios (bolsas, cintos, bijuterias etc.) 47%
Comidas/guloseimas 30%
Maquiagem, perfumes, cremes 30%
Gastos com salão de beleza, massagens etc. 20%
Remédios (para a saúde, vitaminas, para emagrecer, para impotência etc.) 13%
Gastos com lazer, como saídas a bares, cinemas, teatro etc. 12%
Jogos de azar (loteria, pôquer, bingo etc.) 9%
Gastos com carro/moto 8%
O dinheiro é motivo de brigas para 40%. 6% relatam ocorrências frequentes e 34%, discussões ocasionais. Principais motivos das brigas por causa de dinheiro Gastos além das condições financeiras – 49% Gastar tudo que ganha e não sobrar nenhum dinheiro para reserva financeira – 37% Atraso no pagamento das contas – 28% Falta de transparência (um dos dois esconde gastos que faz) – 28% Divisão do pagamento das contas – 24%